quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Relógio do Tempo

E o natal ganha (ganhou) destaque na mídia. Critérios?
Em primeiro lugar; pelo espetáculo das luzes. A iluminação natalina sem dúvida retrata sonhos, desejos e inspirações para um novo tempo. Então a mídia representada nesse contexto pela televisão pegar esse elemento e transforma em imaginário, que reflete uma imagem midiática ou virtual que está penetrada profunda e constantemente no cotidiano dos sujeitos promovendo um rearranjo das relações. Pode até ser distante da realidade de muitos, mas andar pela cidade observando essas luzes é como uma terapia, e as interpretações em volta delas, dependem de você, que as vê. Diante desse cenário criamos milhões de significados e chegamos a ser poetas – afinal como diz Benedito Nunes: “o poeta nasce de outros poetas”, mas ainda concordo em gênero e grau com Mário Faustino “ poesia não é confissão”



A imagem natalina exerce o papel de mediadora das relações sociais e a conseqüência disto é o espetáculo (no conceito de Debord), as reuniões de pessoas, independente do seu sexo com objetivo de união, e comemoração pelo ano que passou. O grupo tem o lema de levantar a taça de champanhe e dizer: - “eu ganhei as batalhas desse ano”. De fato, acredito que as confraternizações são objetos (ilusões) que servem para suportarmos o real. É na verdade o espetáculo já questionado por Baudrillard (simulacro) e Maffesoli (sociabilidade).
Em terceiro lugar; pelas reflexões humanas. As imagens, luzes causam um certo poder emocional nas pessoas nesse período.Parece que elas ficam mais digamos: solidarias.E as empresas também ficam mais “perceptivas ‘( cestas de natal, roupas para o lugar “x” ou “y”), e assim vai o natal. Acontece que estudei esses comportamentos em estratégia de marketing e opinião pública, e pouco tinha esse caráter perceptivo. Mas vamos acentuar uma credibilidade aos empresários. Afinal, jogue a primeira pedra aquele que nunca despertou pela manhã nessa época com os sentimentos a flor da pele fazendo um retrospecto e ao mesmo tempo fazendo comparações do ano que passou na tentativa de ser melhor.
Os mais digamos “ligados a teia social” procuram refletir humanitariamente (embora você não faça nada), ou seja, a comunicação segundo Sodré não é apenas a mídia, ela é sem dúvida o relacionamentos das pessoas. É justamente esse ponto reflexivo (Que se refere ao fato de a consciência conhecer a si mesma: o método reflexivo remonta das condições do pensamento à unidade de pensamento.), que a mídia agarra em seus meios e joga aos “receptores”. E pronto, os pacotes de filmes, músicas e eventos estão prontos. Então, o que fazer? A melhor forma é unir-se ao inimigo, e lá estava eu de olho nos programas de TV preferindo o simulacro em vez do real. Horas e horas.
Depois de ter ficando “surda” “cega” e ter aplaudido a “originalidade” do espetáculo, tentei não ser portadora de uma esquizofrenia social e lembrei-me de um filme tradicional do natal, e não era o Shrek especial, diante da força emocional deste período entrei nesse espírito e fui revê-lo, e assim nesse enredo selecionei um por/dia até o fim do ano.

Na tela, não se coloca o problema da profundidade, não existe o outro lado, enquanto há um além do espelho. Isso não significa que tudo o que aparece como arte tenha a ver com isso; felizmente existem exceções. (Baudrillard, 2003:151)



Começamos então, pela noite de natal e diante das reflexões natalinas. A Felicidade Não Se Compra “(Frank Capra) entra em cartaz, e sem dúvida é um dos maiores clássico de natal de todos os tempos. Historia tocante, que reflete esse momento natalino “George Bailey (James Stewart- gravei o nome dele lembrando do filme “O pequeno Stwart Little” idiotice, nê?Concordo) vê sua vida desmoronar e decidi se suicidar até que uma interferência vinda do céu ( anjo) resolve mostrar como seria o mundo sem ele.É uma história simples, que emociona a todos, até quem já viu milhões de vezes.



Quem nunca chorou está mentindo ou tem o coração de pedra.
Mas vamos ao ponto máximo da cena em questão, aquele que ganha maior audiência na mídia e perante a massa: O consumo, que é criticado impiedosamente pelos autores da pós-modernidade. Motivo? As lojas fervilham e as pessoas correm, correm e correm como se quisessem levar tudo o que há de melhor somente para si, egoísmo?Sei lá (Freud explica ou explicaria isso). Só sei que o mundo contemporâneo tem tantas complicações, que julgo ser que nem o virtual, ou seja, o que prevalece é a imagem. O imaginário.

o consumo não deveria ser visto somente como uma posse de objetos isolados, mas também como “apropriação coletiva” destes. Este processo consideraria relações de solidariedade e, principalmente, de distinção, através de bens e mercadorias que satisfazem no plano biológico e no simbólico, servindo também para enviar e receber mensagens (Canclini, p. 88).



O presente de natal representa esse campo simbólico no qual os indivíduos estariam em constante movimento e os objetos são cada vez mais valorizados pelas pessoas. Baudrillard considera esse processo inevitável entre a relação sujeito e objeto. Cabe esse símbolo fazer parte de seu processo ideológico e cultural - nem imagino as pessoas abrindo mão do N95(com câmera 5.0, wi-fi), TV de plasma, Iphone da Apple.
Como estou fazendo parte dessa sociabilidade moderna, eis que também posso falar de um presente, “Presente”?Sim, que talvez tenha uma base crítica do momento. Lendo o agradecimento de (culturas Híbridas- Canclini) algo me chamou atenção, dizia ele: "Se o livro é de dedicado a Tereza e Julián é por essa capacidade dos filhos de mostrar-nos que o culto e o popular podem sintetizar-se na cultura massiva, nos prazeres do consumo que eles, sem culpa nem prevenções inserem no cotidiano como atividades plenamente justificadas. Nada melhor para reconhecê-lo do que invocar aquele natal em que o Instituto Nacional do Consumidor repetia obsessivamente : “ presenteie afeto, não o compre”, em seus anúncios anticonsumistas no rádio e na televisão ; Tereza empregou a palavra”afeto” pela primeira vez em sua linguagem vacilante dos quatros anos. “ você sabe o que quer dizer?”Sei- responde rápido -, que você não tem dinheiro”.

Depois de tantas emoções passada pela mídia e seus instrumentos. É melhor aproveitar os símbolos natalinos “O Outro Lado de Mim, de Sidney Sheldon” um clichê?Não, não é um clichê de memórias. Tem alma nas palavras.Outro belo presente de natal.

Depois de anos lutando na acidade de Nova York passando por dificuldades, finalmente estou comprando meu bilhete de volta para casa em busca dos braços de Otto e Natalie. Pego o ônibus e embarco, a viagem é maçante, mas não para mim. Estava ocupado demais sonhando com meu futuro fantástico.
...Chegando em casa fugir correndo da sala ao quarto. Pedindo silêncio. Eu sabia que tinha de preencher aquele espaço de longos anos, voltei à sala e toquei minhas canções no piano trazido por um cantor, que saiu-se bem,mas não era tão profissional. Fui ao microfone, e disse:
– Senhores e senhoras, todos começamos a vida como amadores, mas crescemos e viramos profissionais (Aquela frase que soltava era para o músico e para eu mesmo naquele momento), merry christmas!



Termina o natal e segue os dias de fogos, e que seqüências de fogos. Mas no final você tem uma sensação inexplicável. É o que acontece no dia 31 de Dezembro dia em que o ano chega ao marco zero, e vai tomar o lugar do velho, que por sinal já deu tudo o que podia dar.
É hora de todo mundo fazer aquela reunião para ver os fogos no céu (quando existe), fazer as promessas pra si ( esse ano vou....!); pular as sete ondas; comer as setes uvas; comer lentilhas; presta as oferendas à Iamanjá( quem curte) ou simplesmente abraçar qualquer estranho que estiver por perto.Tà certo , que algumas pessoas se aproveitam do momento para abraçar seus alvos , mas é festa.E também o celebração da humanidade ao ciclo da vida , que agora recomeça.Calma, mas espera um pouco.Que ciclo?Que recomeço?Se pelas matemáticas da sua vida: você vai ficando mais velho a cada virada de ano e pronto.



Na verdade do dia 31 á 01 não acontece nem um fenômeno sobrenatural, concorda?Se você leitor, concordou deve está mentindo, pois as viradas de ano significam sim algo grande- grande e bom- é universal. E graças a ela você e eu estamos aqui, vivos.
Isso por que passamos por trilhões de dificuldades e sobrevivemos, e os cultos da passagem dos dias até o dia 31 surgem. Contar estrelas, apreciar a trajetória do sol ao longo do ano. Tudo isso é sobrenatural: os ciclos do tempo. É esses impulsos sobrenaturais que levou aos humanos se entregarem aos rituais, é esse impulso que faz nossa vida ser feita de ciclos, e de fato as colheitas são cíclicas. Ao divinizá-las, nos entregamos a ideia de nossos ancestrais imprimiram na cultura humana a teoria de que nossa vida se renova a cada ano, e festejar essas renovações era e será fundamental para que continuássemos vivos.
Avante.....afinal, o ano novo é uma das festas maiores do mundo, de todas as festas, é feita para marcar o “tempo” , e também uma comemoração sobre a sobrevivência da espécie humana.Pelo menos até a próxima crise chegar, ou até o próximo fim do ano.
Então que venha 2010 com outras novidades, outros bilionários (graças a mega sena da virada), novos planos, novas descobertas cientificas e outras tecnologias. Afinal as tecnologias revolucionaram essa década como você pode ter percebido, pois ficamos mais conectados. A internet entrou na minha sua vida (nos celulares), nos conhecemos “ou aprofundamos” o significado da palavra sustentabilidade, descobrimos a tristeza de perder o tempo assistindo a vida de estranhos na televisão.
De 1999 ( bom tempo) até hoje 2010 muita coisa mudou, e as mudanças também foram em nosso comportamento, por isso, não iremos fazer uma mera retrospectiva dos fatos mais importantes.

BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de consumo. Lisboa:2003.
CANCLINI, Néstor García.Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999
SHELDON, Sidney.O outro lado de mim:memórias. Rio de Janeiro:Record, 2005
Imagem 1- retirada do site da Prfeitura de Belém
Imagem 2- retirada do site Altacultura.wordpress.com
imagem 3- retirada do site tempos modernos.

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